
Carlos Reis, professor catedrático jubilado da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, regressou à Escola Profissional da Guarda para dar uma aula sobre Eça de Queirós, que marcou o final do ano letivo.
Depois de uma primeira presença, há dois anos, na companhia de Pilar del Rio, para falar da obra de José Saramago, o também galardoado com o Prémio Eduardo Lourenço (instituído pelo Centro de Estudos Ibéricos) disse ter acedido ao novo convite porque «ficámos ambos impressionados com a organização, com a disciplina dos alunos e com a cordialidade com que nos receberam».
Criou-se, assim, uma ligação com Escola Profissional da Guarda, fruto da «racionalidade que puxou o afeto». Carlos Reis elogia o projeto pedagógico, por consubstanciar «um casamento harmonioso entre a formação profissional, esse tipo de ‘saber fazer’, e a capacidade de, em paralelo e combinado, desenvolver uma outra reflexão, que envolve a cultura e o conhecimento da língua e da literatura, que só enriquece a formação da pessoa».
Um modelo amplamente elogiado pelo professor catedrático. As ciências e as técnicas «são fundamentais», assinala Carlos Reis, «como agora se está a ver no caso da pandemia». Mas há um outro desafio: «Se não agregarmos a isso uma reflexão ética, social e cultural, arriscamo-nos a transformar as pessoas que dominam a técnica em técnicos desencantados e capazes de desencantar os outros».
«Quem não domina a língua, quer não domina a escrita, quem não domina a leitura, quem não percebe o que os outros dizem, quem não é capaz de dizem aquilo que sabe e aquilo que sente, está numa situação de défice», conclui.
Daí «o encanto» com que participa nas atividades da Escola Profissional da Guarda, onde assiste a um modelo de «formação integral».